Andrés Marieyhara / Ariday Bonilla vencem a jornada lusa pontuável para o WRC

Oito classificativas (das nove do alinhamento inicial) e seis equipas diferentes a alcançar os melhores tempos, havendo cinco trocas de comandante do longo de dois dias de Vodafone Rally de Portugal. Como se comprova, a competitividade voltou a estar ao rubro nesta que foi a terceira prova da PEUGEOT RALLY CUP IBÉRICA, última neste ano de 2022 no nosso país, onde o vencedor é, também ele inédito.

Feitas as contas, foi Andrés Marieyhara / Ariday Bonilla quem subiu ao lugar mais alto do pódio no final do rali, consagrando-se como terceiros vencedores do presente ano, somando, com isso, valiosos 25 pontos. Atrás deles ficou o 208 Rally4 de Ernesto Cunha / Rui Raimundo, a 25,6 segundos, relegando Diego Ruiloba / Andrés Blanco para o 3º lugar, já a mais de dois minutos, definindo os ocupantes deste terceiro pódio de 2022.

Foram treze os Leões que ontem se apresentaram à partida, sendo que apenas sete deles conseguiram chegar à Exponor, estes demonstrando uma elevada robustez e resistência ao tratamento que lhes foi dado ao longo dos 106,57 quilómetros dos oito troços efetivamente cumpridos pelos concorrentes da copa, ultrapassando com distinção o estado dos pisos, destruídos pelos carros de tracção integral das várias categorias do WRC e CPR.  

Líder da copa à entrada deste rali, a dupla Ruiloba / Blanco reduziu ao mínimo a perda de pontos, mantendo-se nessa posição, mas tendo agora um pouco mais perto a melhor das equipas portuguesas, Cunha / Raimundo. Entretanto, com a vitória aqui obtida, a dupla uruguaio-espanhola ascendeu à 3ª posição, assumindo-se como reais candidatos ao Grande Prémio que está reservado para os Campeões de 2022, no final desta Temporada 5 da PEUGEOT RALLY CUP IBÉRICA.

O Vodafone Rally de Portugal marca, por seu turno, o final das jornadas de terra da PEUGEOT RALLY CUP IBÉRICA 2022 e também da fase portuguesa, sendo que a segunda metade desta Temporada 5 correr-se-á em Espanha e sempre em pisos de asfalto, já a partir de Junho.

OS VENCEDORES QUE VIERAM DA AMÉRICA DO SUL E DE ESPANHA

Depois de um rali demolidor, composto por sete especiais tradicionais e mais duas superespeciais, uma a abrir e outra a fechar a contenda, festejou-se a vitória de Andrés Marieyhara / Ariday Bonilla. Após um rali repleto de indefinições, fruto das constantes alterações nos nomes dos ocupantes do primeiro lugar, a dupla do 208 Rally4 #95 era o espelho de um enorme cansaço, mas também de um extremo contentamento pelo resultado alcançado.

“Estamos naturalmente felizes com este resultado na copa da PEUGEOT, que conseguimos depois de um dia muito complicado, em especial nos troços da manhã, com muito pó a manter-se no ar. À tarde a dificuldade adveio do estado dos troços, ainda mais destruídos depois de duas passagens”, referiu o uruguaio Andrés Marieyhara à chegada ao pódio, nas instalações da Exponor, em Matosinhos, no controlo que se definiu como final para a copa ibérica da PEUGEOT. “Mas sabíamos que tínhamos de aguentar e foi isso que fizemos, eu e o Ariday, levando um carro que aguentou tudo o que dele pedimos e nos deu esta alegria, que quero partilhar com toda a equipa, patrocinadores, amigos e familiares”.

Destaque-se outro ponto alto da prova do piloto do Uruguai, o único não ibérico da copa, ele que iniciou o dia de hoje no 13º e último lugar da copa, após ontem ter sido o menos rápido na SuperEspecial de Coimbra, para vir a terminar vitorioso, numa prestação de relevo. A acompanhá-lo outro vencedor, o espanhol Ariday Bonilla.

Em termos competitivos, o rali pautou-se pelas lutas pelas diversas posições, à imagem dos ralis que, ao longo dos últimos quatro anos e meio, têm integrado o calendário da copa. Seis pilotos conseguiram pelo menos uma vitória em troços: Hugo Lopes na ES1 e ES5, Raúl Hernández na ES2, Ernesto Cunha na ES3, Diego Ruiloba na ES4, Andrés Marieyhara na ES6 e ES7 e, finalmente, José Loureiro na ES9 (a ES8 foi neutralizada; não houve vencedor), registando-se nada menos do que cinco mudanças de comandante. Não houve estruturas de pódios repetidas nos top-3 dos tempos ao longo do dia.

No final, ao pódio da copa no Vodafone Rally de Portugal subiram, logo atrás dos vencedores, Ernesto Cunha / Rui Raimundo, a 25,6 segundos, relegando Diego Ruiloba / Andrés Blanco para o 3º lugar, a 2 minutos e 3 segundos, resultados que, fruto de toda a dureza que hoje se viveu, quase se podem considerar também como vitórias.

MANHÃ SOB O SIGNO DO TRÊS: TROÇOS, VENCEDORES E MUDANÇAS DE LÍDER

A manhã do segundo dia do Vodafone Rally de Portugal foi de enorme competitividade, com três especiais que, à passagem dos 208 Rally4 de duas rodas motrizes, já se encontravam algo revoltas, dificultando uma tarefa já composta de muito calor e pó acumulado no ar. Ainda assim, nessa primeira ronda por três troços houve outros tantos vencedores e igual número de mudanças de comandante.

Se Hugo Lopes / Tiago Neves saíram de Coimbra com a magra vantagem de 1 décimo de segundo para Iago Gabeiras / Nestor Casal e mais outro décimo para Óscar Palomo / ‘Xavi’ Moreno (nota: os tempos foram, entretanto, aCtualizados, face ao indicado no Comunicado de Imprensa do Dia 1), logo os primeiros líderes se viram desterrados do topo do pódio, ao perderem mais de 25 segundos nos 12,03 km da ES2 - Lousã 1, caindo para lá do top-5.

Neste primeiro troço do dia, os mais rápidos foram, assim, Raúl Hernández / Alberto Chamorro, impondo-se por 2 segundos a Gabeiras e por 3,9 segundos a Diego Ruiloba / Andrés BlancoGabeiras subia ao primeiro lugar, seguido de Ruiloba e Hernández. Seguiu-se a ES3 - Góis 1, 19,33 km que Ernesto Cunha / Rui Raimundo foram os mais lestos a cumprir, batendo Ruiloba por 4 segundos e Roberto Blach / Mauro Barreiro por 9,2. Ruiloba assumia a liderança da copa, seguido de Blach e Cunha. Nos demolidores 18,72 km da ES4 - Arganil 1 houve novo vencedor, com Ruiloba a bater Blach por 7,2 segundos e Hernández por uns mais expressivos 14,1 segundos.

Na frente tudo ficado na mesma, terminando-se a secção matinal com Ruiloba a liderar a contenda, com 14,1 segundos sobre Blach e 27,2 sobre Cunha. Atrás deles as diferenças eram já bem mais espaçadas, em minutos, fruto do andamento mais cauteloso de alguns e problemas de outros, manhã que deu uma machadada em dois candidatos à vitória: Óscar Palomo e Ricardo Sousa, ambos logo na ES2.

UM RANKING SEMPRE EM TRANSFORMAÇÃO TAMBÉM DE TARDE

Após passagem pelo Parque de Assistência para minimizar os danos e retemperar forças, repetiam-se os mesmos três troços, completando-se, depois, o dia com uma ida a Mortágua e, a fechar, à especial-espeCtáculo de Lousada.

Hugo Lopes voltou aos melhores tempos, depois da vitória na SuperEspecial de ontem à noite, impondo-se na Lousã 2 (ES5), troço em que Andrés Marieyhara / Ariday Bonilla subiram pela primeira vez ao top-3 dos tempos, com um 2º melhor registo que, de uma assentada, os fez subir três lugares na classificação, até ao 3º posto. Mas também houve penalizações por atraso e novas desistências, aqui capitulando Gabeiras e Hernández. Já Ruiloba mantinha-se na liderança.

Eram, nesta altura, oito os 208 Rally4 ainda em liça, número que conseguiu ultrapassar, com dificuldade variável, os autênticos sulcos da segunda ida a Góis 2 (ES6). Foi um troço onde Marieyhara se tornou no quinto piloto mais rápido (em seis especiais percorridas). Ao contrário, Ruiloba perdia muito tempo e, com isso, a liderança da copa, posição que Cunha assumia, tornando-se, assim, no quarto líder diferente entre o plantel da PEUGEOT RALLY CUP IBÉRICA.

Veio depois Arganil 2 (ES7), com os ainda mais difíceis 18,72 km que voltaram a fazer estragos, levando ao abandono de Blach, o ‘Campeão’ da Temporada 1. Do lado oposto Andrés Marieyhara continuava em destaque, não só bisando nas vitórias em troços, como roubando o 1º lugar a Cunha, que aqui perdeu mais de um minuto.

POWER STAGE NÃO DEU PONTOS E A FESTA FEZ-SE EM LOUSADA

Finda mais esta secção do Vodafone Rally de Portugal e a geral da PEUGEOT RALLY CUP IBÉRICA apresentava, assim, Andrés Marieyhara na liderança, com uma (aparentemente) confortável vantagem de 23,8 segundos sobre Ernesto Cunha e 54,7 segundos sobre Diego Ruiloba. Seguiam-se os 208 Rally4 de José Loureiro, Luis Morais, Hugo Lopes e Paulo Roque, já com muitos minutos acumulados.

Faltavam ainda os 18,16 km da única visita a Mortágua (ES8) e depois cumprir-se os 3,36 km de Lousada (ES9), a segunda e última especial-espectáculo integrada no percurso da copa ibérica, um troço de características bem mais suaves. Só que a organização da prova neutralizou o penúltimo troço que, para os pilotos dos 208 Rally4, teria o estatuto de Power Stage, impedindo a atribuição dos respectivos pontos.

Assim sendo, já com as rampas de faróis ligadas, os sete 208 Rally4 evoluíram no traçado de Lousada, dando o espectáculo possível ao que haviam sofrido ao longo do dia. Para os registos ficou o melhor tempo de José Loureiro (sexto vencedor diferente, em oito troços) e, dadas as já enormes diferenças de tempo entre os concorrentes ainda em prova, não se verificaram alterações de monta.

Andrés Marieyhara e o seu navegador espanhol Bonilla Ariday festejavam, assim, a vitória, tornando-se nos terceiros vencedores diferentes da PEUGEOT RALLY CUP IBÉRICA 2022, depois de Ruiloba / Blanco o terem conseguido no Rali de Mortágua, e de Palomo / ‘Xavi’, eles que venceram o Rallye Serras de Fafe, mas que aqui somaram zero pontos. Com isso, os vencedores do Vodafone Rally de Portugal subiram ao 3º lugar da copa, nos rankings de Pilotos e Navegadores.

FPAK - Portugal, 21 MaIO 2022